sábado, 7 de fevereiro de 2009

Forças contrárias.


O resto do dia correu, como corriam todos os dias. Mas, para ele aquele dia ficou escrito de forma diferente, marcou o príncipio do fim da sua fragilidade.
Soube, sem o entender ainda, que conseguia conquistar com a inteligência aquilo que os outros conquistavam pela força.
E de peito feito, passou bem devagar, pela berma da estrada. Estava mortinho para chegar a casa e contar à sua avó tudo o que tinha conseguido. Caminhou encostado ao muro pois sabia que se fosse visto, os ralhetes iam ser tantos e a barulheira tal, que chamaria meia freguesia. Mas, não escapou!
De dentro da casa saiu uma voz esganiçada, que o punha de cabelos em pé:
_ Anda cá meu sacana, estupor, vieste de não sei onde só para arranjar problemas a quem estava cá sossegado! Voltas a tocar no meu filho e vais ver...
_Ele que não se meta comigo, ora...
_Tu és má rês...vieste corrido da outra terra...tu e a tua família...deve ser por ser boa gente...se ...
Não ouviu o resto da frase, enquanto a ladainha de insultos era desfiada, reparou que mesmo ali ao seu lado uma pedra chamava, ria-se para ele...fez-lhe a vontade, baixou-se, e como se uma força lhe puxasse o braço, sentiu um poder, que não sabia ter...a pedra voou e foi aterrar no telhado, onde ficou a reluzir...numa cama feita de telhas partidas.
A megera, estacou, olhou para o telhado e para ele, de seguida rompeu a correr, mas já ele tinha
uns metros de avanço...de coração aos pulos, sentindo como que um cavalo no peito, arrastou os pés até a casa.

Lá se foi o orgulho do dia, raio de feitio.