sábado, 19 de dezembro de 2009

??????



Puxam....


...Para baixo...




....para baixo...



...para baixo...



ESTA QUEDA NÂO CHEGARÁ AO FIM???????

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ombros...


É sobre os ombros que por vezes assenta mais poeira,
É lá...que sentimos o peso...do que nos carregam...
dos que nos pesam...

É por isso que eu às vezes queria ser gaivota,
não ter ombros...ter asas...

ficar leve, olhar de cima para baixo...

Libertar....



Libertar-me...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Podes ou não...


Mudar o mundo...
o universo de cada um...
fica imutável ou é mudança?
O que fazer?
Incentivar?
Acompanhar?
Desafiar?
Negociar?
De tudo um Pouco?
Desistir?
Nunca!

sábado, 19 de setembro de 2009

Mais um adeus...


Mais uma partida precoce;

Mais um adeus que não devia ser dito;

Mais flores que se retiram do jardim para prestar homenagem.

Mais um rectângulo de terra a fechar um círculo,cedo de mais.


E

mais uma vez...

O efémero bate à porta.

E que

as lágrimas vertidas,

o sentimento de frustração e a saudade,

ajudem e mostrem...

que na vida tudo é passageiro.

Cada despedida, deve vir acompanhada, da certeza de viver cada momento com toda a intensidade.

Cada adeus, deve deixar marcado, a vontade de transformar a vida em algo sagrado.

Cada partida, deve apontar, a quem está a caminhar os atalhos para valorizar cada dia.

E em vez de flores cada um levaria um poema escrito...com odes de Felicidade.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Confiar...


Até onde podemos confiar???
O que nos leva a (des)confiar???
O que fazer para não nos deixar enganar???
En...ganar??'
En...ganas-me...en...ganando-te a ti ou a mim???
É o poder de confiar...que nos faz abrir os braços para a vida...
aceitar o desconhecido...
...estar disponível...
E não...não quero cruzar os braços...
quero receber...quero dar..
quero continuar a confiar...
mesmo des...confiando...
quero mudar de opinião...uma...duas...mil vezes...
pois quem pensa sempre da mesma maneira...
cristaliza...torna-se pedra...
mas...até as pedras aquecem...
..amolecem...
...tranformam-se em areia...
Detesto...des...confiar...
Adoro...Confiar!
Mas por vezes fico estupefacta com o oportunismo (lata) de alguns seres:(
Chiça!!!!

sábado, 5 de setembro de 2009

Poderes...efémeros poderes.



Como guerreiros cegos defendem ideias e ideais de outros guerreiros.
Guardiões de castelos de cartas.
Coração fechado...olhos vendados para não verem a realidade.
Imaginam-se poderosos...sonham-se imortais.
Pobres guerreiros.
Não vivem...vegetam...
crescem enquanto são alimentados pelo poder.
Murcham quando lhes falta o brilho dos ídolos com pés de barro.
protegem-se com armaduras...
mas...miseravelmente...
verdadeiramente...
não sentem o calor da humanidade,
são frios...
estão nus.

sábado, 15 de agosto de 2009

Conquistas...









Informação é
Poder

...sentido crítico é ...Defesa!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Para quando?


Prendem,
como correntes amarram a alma,
fazem com que a vida se arraste,
puxam...
prendem...
puxam......
prendem...
e na inércia vivem...
e no suficiente se refugiam.
Manifestam altivez...
para disfarçar a insegurança das suas ideias,
a fragilidade dos seus argumentos.
Potes vazios,
com ares importantes.
Vivem enrolados em teias,
enganam-se pensando que enganam...
espécie de sanguessugas...
maldosos...
espero que estejam...
a chegar ao...
Fim...
Não só por mim...
mas, principalmente...
por eles.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pensamento...


Passa fronteiras, prisões...

Solta-se dos grilhões que o querem prender.

Cria pontes.

Porque o devemos usar sempre...

Porque não o devemos vender...



Quero o meu sempre em boa forma.


Sustentado...

Lubna Ahmed al-Hussein...chicoteada?? Usar calças é Crime??




Daqui...deste cantinho...
envio-te toda a força do mundo.
Para que possas continuar a lutar...
para que o sofrimento não te faça desistir...
porque lutas pelo direito ao pensamento livre...
porque sofres na pele a verdadeira injustiça,
porque o teu percurso é o mais àrduo...
o mais sofrido...
porque não posso deixar de estar contigo e com todos aqueles que não desistem de conquistar a liberdade e o respeito.



http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=141740

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Relembrar aos normais...que somos todos (A)Normais



Há 40 anos, no bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, pessoas homossexuais, bissexuais e transgéneras revoltaram-se e pela primeira vez reagiram e defenderam-se dos sistemáticos actos de agressão e opressão das forças policiais. Foi o início da luta pelos direitos das pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais/Transgéneras (LGBT). No ano seguinte, realizou-se a primeira Marcha do Orgulho LGBT – orgulho pela coragem de resistir.

No Porto, a 1ª Marcha do Orgulho LGBT foi impulsionada pelo brutal assassinato de Gisberta Salce Júnior, uma mulher transexual. Estávamos em 2006 e pedíamos “um presente sem violência, um futuro sem diferença”. 2007 foi o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos. As uniões de facto foram finalmente reconhecidas no Código Penal, sem distinguir casais de pessoas do mesmo sexo e casais de pessoas de sexo diferente. Por outro lado, apesar de muito se ter falado na necessidade de pôr termo à discriminação das mulheres no trabalho, nada se disse, por exemplo, sobre a dificuldade que transexuais e transgéneros têm em conseguir um emprego. Exigimos a inclusão da identidade de género no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa e uma Lei de Identidade de Género.
Porque a igualdade de direitos não é adiável ou negociável, exigimos a cidadania plena para todas e todos.

Ano após ano, lembramos que o Estado tem a obrigação de se empenhar activamente na luta contra o preconceito. Porque a educação é fundamental, exigimos acções de formação anti-discriminação nas escolas, nos tribunais, nos estabelecimentos de saúde, nas esquadras. Em todos os pilares da democracia. Em 2008 congratulámo-nos com as medidas tomadas no âmbito da educação para uma saúde responsável, mas lamentámos o facto de a educação continuar a ter como base um modelo heteronormativo, que não corresponde à pluralidade das práticas familiares do Portugal do século XXI.

Na linha de todos os alertas e reivindicações que temos vindo a fazer, hoje pedimos a todas e todos que façam connosco uma reflexão sobre uma temática transversal e central de todas as sociedades: a FAMÍLIA.
Os argumentos em defesa do que é normal e tradicional são recorrentes quando se fala de famílias que não obedecem ao paradigma 1 homem +1 mulher = filhos. Mas o que é "normal"?

No Império Romano havia escravatura. Era normal. Diversas formas de escravatura são ainda consideradas normais em vários locais do mundo. No entanto, Portugal foi um dos primeiros países a abolir a escravatura, no século XVIII. A pena de morte também é histórica e ainda se aplica em diversos países. Portugal foi o terceiro país a abolir a Pena Capital, em finais do século XIX.
Avancemos para meados do século XX e para as coisas normais do mundo ocidental. O casamento inter-racial era proibido em muitos países, sob a justificação de que iria desvirtuar a instituição do casamento e porque a seguir teríamos o incesto e a bestialidade. Era normal obrigar os canhotos e escrever com a mão direita. Era normal os surdos não terem uma língua própria. Era normal os negros serem obrigados a viajar na parte de trás dos autocarros. Era normal uma mulher primeiro ser propriedade do pai para depois ser propriedade do marido. Era normal as mulheres não poderem votar nem usar calças de ganga. Era normal dizer-se que o preservativo e a pílula iam acabar com a família. Era normal haver filhos em todos os casamentos. Era normal o casamento ser para toda a vida mesmo que as pessoas fossem infelizes.

O normal é o que a maior parte das pessoas faz, ou acredita que se faz, num determinado momento. Não quer dizer que as práticas minoritárias estejam erradas. Aliás, o normal muda com os tempos...

Não se pode negar a diversidade de modelos familiares existente.

Um lar pode ter como núcleo um relacionamento monogâmico entre um homem e uma mulher, entre dois homens, ou entre duas mulheres. Mas também há relacionamentos amorosos responsáveis entre mais de duas pessoas. Assim como há famílias cuja base é a amizade, e não o amor, ou o sangue. Todas estas famílias existem. Umas têm filhos, biológicos ou adoptados, outras não.
O problema é que algumas destas famílias não são reconhecidas pelo Estado, ou são tratadas como famílias de segunda.

Há menos de 100 anos, o casamento normal seria a união entre duas pessoas com a mesma cor de pele, a mesma religião, do mesmo estrato social e de sexo diferente. Permitiu-se a anormalidade dos casamentos inter-raciais, a modernice de casar por amor, a leviandade de não se pensar nos interesses religiosos ou patrimoniais das famílias. Permitiu-se o amor. O casamento passou assim a ser o coroar de uma relação, o querermos que seja “para sempre” (pelo menos até ao dia do divórcio). As pessoas com orientações afectivas ou sexuais diferentes da maioria também cresceram neste país, e é normal que vejam no casamento civil a legitimação e dignificação do amor que sentem por outra pessoa.

E é disso que falamos: de amor.

Nem todos temos o desejo de encontrar a alma gémea, casar e ter filhos. Mas quem tem esse sonho deve ter igualdade de acesso ao casamento civil. Todos devemos ter o direito de escolher o modelo de família com que mais nos identifiquemos, e o estado tem de dar as mesmas oportunidades a todos e todas.

É urgente que o Estado reconheça o direito à igualdade para todas as pessoas, para todas as famílias. É necessário que ninguém seja discriminado. Somos uma sociedade diversa. Sejamos verdadeiramente inclusivos.

Por tudo isto marchamos e afirmamos:

“Na felicidade e na dor, o que faz a família é o amor!”

“Não estamos a legislar, meus senhores, para gentes remotas e estranhas. Estamos a ampliar as oportunidades de felicidade dos nossos vizinhos, dos nossos colegas de trabalho, dos nossos amigos e dos nossos familiares, e desse modo estamos a construir um país mais decente, porque uma sociedade decente é a que não humilha os seus membros.”

(discurso do Presidente do Governo Espanhol na Câmara dos Deputados, 30 de Junho de 2005 – dia da aprovação da reforma do Código Civil espanhol que passou a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo)
Retirado de: http://sexualidadesafectosemascaras.blogspot.com/

sábado, 20 de junho de 2009

Poder.


Todos o temos...o que fazemos dele?
O que podemos...o que o coração permite...
o que a essencia dita...
Poder sem Amor...
é como um deserto.
Mata tudo...ficam apenas destroços.
Poder sem respeito...
destroi...
Poder sem humildade...
é crueldade.
Usar o Poder sem perder a humanidade é obra que se controi com força...coragem e força de vontade, vigilando...o Ego.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Superiores...


Colocam-se em pedestais...para julgar...
esqueçem-se que o altar são para objectos sem vida...imagens...que pouco ou nada tem de realidade.

Fazem-se importantes...
e esqueçem-se...
de viver....
ficam presos e querem prender.

Só existe uma realidade...a deles...dos superiores...
caminham na ponta dos pés...
para se fazerem notados...
e de repente acordam...
velhos...cansados...derrotados.

sábado, 30 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Perdidos...

Perdidos estão todos os momentos que deixo de estar com quem gosto.


Gastos ficam os gestos que não são reconhecidos. Secas ficam as palavras que não são ouvidas e que mal entendidas se perdem no vazio.

Sozinhas ficam as oportunidades perdidas...sem se encontrar...a vaguear no vazio...à espera...à espreita...até te encontrar.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pesados


Pesam toneladas...

arrastam a vida...

fazem com que tudo pareça difícil...

transformam o dia mais brilhante em nevoeiro cerrado...

Em tudo veêm o que há de pior,

Puxam para baixo...
não querem voar...

não deixam levantar voo,

adoram a mesquinhice...

pesados...
Não se encantam...
não sustentam as pontes...
que a vida lhes lança...
não querem amar...
são mal amados...
coitados:(

Imagem retirada da net

sábado, 25 de abril de 2009

Libertar...


"Liberdade ... primeiro estranha-se...depois entranha-se"


Fernando Pessoa

sábado, 18 de abril de 2009

Prender...

Ao querer prender,
criamos prisões,
para nós também.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Dor...


Dor é marca,

é o sinal daquilo que queremos,

do que nos faz falta.

Dor é imposição,
é escutar a saudade,
é entrar no desconforto.
é estar em contradição,
é não estar inteiro...
é estar sem...
Ti.

terça-feira, 31 de março de 2009

Dados...


Jogamos os dados da vida,

sem saber onde vão parar,

por vezes rolam em vertigem,

outras bem devagar.


A cada jogada,

Um trunfo na manga?

A cada parada,

Uma nova demanda.


E de jogada em jogada,

vamos aprendendo,

que sem arriscar,

o jogo vamos perdendo.


Há porém jogadas,

que doem demais,

em que temos que escolher,

as cartas principais.


E quando não há?

quando todas importantes são?

Que raio de jogo,

que grande confusão.


Sou eu que jogo?

Os dados são meus?

Estão viciados?

Estão bem jogados?


Bem...começa o jogo,

vamos lá contar,

lançar para a vida,

sem medo...Jogar!

domingo, 29 de março de 2009

Fantoches...

Usam gravata,

fato a rigor,

fazem da vida,

um teatro amador.


Fingem que são importantes,

mostram um poder que não tem,

são tão pequenos por dentro,

não valem nem um vintém.


Gritam aos ventos,

para se fazerem ouvir,

sobem aos palcos,

para poderem mentir.


E fantochando,

não vêem a realidade,

criam cenas paralelas,

e fogem à verdade.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Onde andas??

Procuro-te incansavelmente,
Incessantemente,
com todas as forças.
Preciso de ti.
Foges!
Escondes-te no bolso de alguns,
Na inércia de outros,
No olhar para o lado.
Pactuas com tempos mortos,
de desespero.
Andas longe do comum mortal.
És privilégio?
És Deusa Sagrada?
Como desces do teu pedestal?
Com rezas...ou bulas?
Promessas ou pactos?
Vendes-te?
Compram-te em pacotes por atacado?
Tu devias estar presente a todo o momento,
Devias ser matriz...fio condutor...
Orgulho de Homens
Garante de Humanidade...
Onde andas?
Espero por ti...
Justiça!

terça-feira, 24 de março de 2009

Donos do mundo.




Encontram-se nos seus cantinhos de reinar, enganando-se,
transportam rancor e pouco entendimento do que é estar.
Vivem na ilusão que comandam...

Que trazem no bolso soluções de milagre.
Pensam pelos que julgam não saber pensar,
Mandam fazer o que não querem fazer.
Querem pagar com o que não querem receber.
Julgam-se grandes...e são tão pequenos.
Fazem história, com escritos de dor.
Em pedestais que querem dourados,
Falam de mundos em que não querem viver.
Iludem- se com truques baratos,
Imitam ilusionistas,
E esquecem-se que o Mundo é pertença de todos,
Nunca teve um dono, nem nunca terá,
Caem os ídolos e seus ideais,
O relógio avança sem nunca esperar,
E o Mundo gira e sempre girará,
Sem precisar de donos,
para o empurrar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ilhas...sagradas.

Fazia da vida uma viagem,
com portos marcados e
transbordos seguros.
Mas, parou num porto onde o amor encontrou,
e nada mais foi igual.
Os dias corriam, fluíam como água,
escoavam-se os segundos por entre os dedos.
E na loucura de uma paixão,
jogou o coração, como quem joga o dado,
e o seu destino cumprui-se.
O amor foi ficando naquele canto sagrado,
a ternura cresceu, como planta em bom solo.
Quando de novo partia em viagem, sabia que àquele porto queria sempre voltar.
E naqueles dias de cinzento pintados,
havia um farol para se orientar.
E à ilha do amor ia sempre acostar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Desencontros.


Entrou cabisbaixo, encostado à parede, parecendo roçar-se.

A avó olhou e viu o semblante carregado,dirigiu-lhe um sorriso transparente e iluminou o olhar de ternura.

_Vem cá meu traquina, o que foi desta vez?

_Olhe...não fui eu que comecei...é que é sempre a mesma coisa...

_Tens que ter mais calma, não levar tão a peito as coisas que ouves...

_ Mas, ela voltou com a mesma conversa, que eu sou má rês, e o pior é que falou de ti...e isso eu não desculpo, tu sabes.

_Deixa que eu sei bem defender a minha honra.

_Não avó, não posso ouvir mais essa conversa. Estou farto de desculpar, agora é assim, metem-se comigo...levam...

_Bem, bem, hoje estás um Menino Guerreiro...desencontraste-te do meu Menino Anjo, vá vem lá almoçar.

Pronto, não há quem resista a um sorriso assim e a um prato de arroz de bacalhau, quentinho, saboroso e libertando um cheirinho que chamava por ele.

Apaziguou a raiva, mas sabia que a tempestade se aproximava. Era só uma questão de tempo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Forças contrárias.


O resto do dia correu, como corriam todos os dias. Mas, para ele aquele dia ficou escrito de forma diferente, marcou o príncipio do fim da sua fragilidade.
Soube, sem o entender ainda, que conseguia conquistar com a inteligência aquilo que os outros conquistavam pela força.
E de peito feito, passou bem devagar, pela berma da estrada. Estava mortinho para chegar a casa e contar à sua avó tudo o que tinha conseguido. Caminhou encostado ao muro pois sabia que se fosse visto, os ralhetes iam ser tantos e a barulheira tal, que chamaria meia freguesia. Mas, não escapou!
De dentro da casa saiu uma voz esganiçada, que o punha de cabelos em pé:
_ Anda cá meu sacana, estupor, vieste de não sei onde só para arranjar problemas a quem estava cá sossegado! Voltas a tocar no meu filho e vais ver...
_Ele que não se meta comigo, ora...
_Tu és má rês...vieste corrido da outra terra...tu e a tua família...deve ser por ser boa gente...se ...
Não ouviu o resto da frase, enquanto a ladainha de insultos era desfiada, reparou que mesmo ali ao seu lado uma pedra chamava, ria-se para ele...fez-lhe a vontade, baixou-se, e como se uma força lhe puxasse o braço, sentiu um poder, que não sabia ter...a pedra voou e foi aterrar no telhado, onde ficou a reluzir...numa cama feita de telhas partidas.
A megera, estacou, olhou para o telhado e para ele, de seguida rompeu a correr, mas já ele tinha
uns metros de avanço...de coração aos pulos, sentindo como que um cavalo no peito, arrastou os pés até a casa.

Lá se foi o orgulho do dia, raio de feitio.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Bendita matemática...


Estava escrito...hoje era o seu dia!


As pernas tremiam, as mãos suavam, o estômago doía de tão encolhido que estava.
O medo tolhia-o!
Olhava angustiado para o enorme problema que com números redondos, brancos, medonhos, esperava, à espreita, como fera pronta a lançar-se sobre a sua presa.


Sentado na sua carteira o Zé, contorcia-se e enviava olhares inflamados de sabedoria...como raio é que ele percebia aquilo?


Os rapazes e raparigas estavam de cabeça baixa, cada um tentando decifrar aquela algarvariada de números, que encavalitados uns nos outros punham a cabeça a rodopiar e vazia de pensamentos.


O Zé continuava com o olho de àguia, pronto, à espreita da melhor oportunidade para virar a lousa e deixá-lo copiar.


De repente, num momento, os números começaram a surgir. À medida que o medo foi desaparecendo os algarismos iam formando uma fila lógica na sua cabeça e o mistério ia sendo desvendado...bendita matemática!


Cheio de orgulho, de peito inchado, foi resolvendo as contas uma a uma.


E de alma lavada, desceu do estrado.
Hoje era o seu dia!


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Olhos de menino...Prosas de(vidas) 3


Sentiram as palavras àsperas como chicotes:


_ Porque é que entraram só agora? Brincamos?


A cana bateu com força na cabeça do Zé. Todos se encolheram e no profundo silêncio, nada mexia, ninguém respirava. A qualquer momento a cana da professora podia cair sobre a cabeça de alguém, por isso o melhor era encolher os ombros, baixar os olhos e não chamar a atenção.


As reduções foram feitas em minutos, quase ao mesmo a tempo que a professora as passava no quadro. Os bocadinhos da lousa eram perfeitos para fazer as contas, se as contas não estavam certas, um pouco de cuspo na mão e rapidamente se emendava o resultado, uma olhadela para o lado, para confirmar e já estava, podiam finalmente suspirar de alivio. O barulho do lápis a escrevinhar era o único som que se ouvia, todo o resto era silencio.


O disfarce era a melhor defesa, o lápis cantava baixinho, não fosse a professora ouvir. Qualquer chiadeira era sinal de alarme e motivo para ser chamado ao quadro. E aquele mostro preto, que parecia que engolia as letras e os números que eram lá rabiscados , assistiu vezes sem conta ao pavor, ao puro terror de quem se via de frente a esta imensidão preta e tinha que resolver os problemas.




quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Prosas (de) vidas 2


Sentiu a raiva a crescer dentro de si, maldisse aquelas pernas curtas, que o faziam ficar para trás enquanto os outros desapareciam na curva do caminho estreito e pedregoso, que mais parecia traçado para cabras.

As lágrimas teimavam em molhar os olhos cor do céu, mas ele segurava-as bem dentro de si. Com os seus sete anos de vida, já tinha aprendido a chorar para dentro, a chorar como quem ri.

Continuou no seu passo certo, curto mas seguro ( pelo menos para quem o via), para ele nem tanto.

Ao chegar ao adro da igreja, sentiu as risadas dos colegas como punhais cravados nas costas, mas disfarçou, disfarçava sempre muito bem, tão bem que rapidamente desistiam de o provocar.

Mas desta vez foi mais forte do que ele, ao ouvir o Rato a dizer:

_Olha o Mariquinhas já chegou.

E pronto, as lágrimas caíram. Qual cascata impetuosa foram deslizando pela bochecha e nem a manga da camisola foi capaz de as deter.

Salvou-lhe a honra o amigo Zé, que qual cavaleiro andante, vinha sempre em seu socorro. Mais uma vez a vergasta de oliveira zumbiu junto às orelhas do Rato e este saltou, que nem um rato, e as pernas ficaram com um vinco avermelhado:

Ah, ah...não foste rápido a desviar-te...bem feito...aprende seu burro.

E o rato lá engoliu esta desfeita, mas lançou um ar de desafio ao Zé, como que a dizer:

_Não perdes pela demora.

O velho Fiat da professora apareceu na esquina, grandes e pequenos correram a bom correr desde o adro até à escola.

_Obrigado Zé, mais uma vez deste-lhe bem...já sabes que logo vais ter a bruxa à perna.

_ Vamos passar a correr, de ouvidos bem fechados...

_ Porra da velha, pensa que tem um santinho!

_ Pois que se meta comigo, ouve das boas.

_O pior é que ela vai fazer queixa ao teu pai, sabes como ele é, dá-te forte, e tudo por minha culpa.

_ Vá, anda daí, não sejas parvo.

E como dois irmãos, unidos por forte camaradagem, entraram para a sala.